domingo, 28 de junho de 2009

A equivocidade.

Se eu fosse morrer hoje, para começar diria Adeus em outro patoá, para doer menos. Morreria curiosa. E não com a aspiração de saber quem lamentaria. Ir-me-ia levando perguntas “o que vem daqui?”. Se eu falecesse agora, poderiam considerar-me mais tarde de importância paranormal. E se não morresse, iria mover os pauzinhos a fim de diminuir repetições desnecessárias em minha obra.

Se partisse assim que fechasse meus olhos para descansar meu coração, seria uma pessoa de sorte, que morreria sem morbidez. Uma que deixaria o coração para trás, avulso. E se fosse nesse momento, afastar-me-ia sem decifrar a maior questão de minha vida: sou ou não uma boa pessoa.

Se fosse nesse baque, iria sem conhecer quem me deu em parte a vida, e também sem conhecer até quem eu conheço. Mas ir-me-ia com a certeza de que amei mais que a mim mesma um príncipe, e sem saber se ele tinha-me o mesmo valor, toda essa temporada, atribuído.

Iria sem me despedir de ninguém, por favor! E se pudesse deixar um pensamento, ainda assim guardá-lo-ia para mim. Que não há distinção entre vida, morte. Há pessoas esquecidas por pouco, que só se foram para os que as deixaram ir. Pessoas não somem apenas não as procuram mais. E só quero que me esqueça quem me ama. Não quereria eu afinal, depois de defunta, que me lagrimassem meus amores.

Quando partisse, eu torceria para ter cumprido minha missão, meu plano. Pois não é possível, meu corpo ter sido mandado à terra a deriva de Deus.

Morreria vaidosa sem deformação em minha face, ou expressão de dor, se tivesse o privilégio de recomendar.

E como testamento, deixaria imposto que todos meus inimigos e quem me fez chorar na vida, fossem expulsos de minha sentinela, com indiferença.

E se fosse morrer cá, ao carimbar meu último ponto final, iria desejar de toda minha alma, que tivesse acabado de verdade. E não o paraíso, salvação ou vida eterna. Apenas o fim, justo para quem viveu com amor ao próximo e respeito ao afastado.