quinta-feira, 28 de maio de 2009

Jornada Homo Sapiens.

Hoje ao parodiar com meus agapornis*, entendi que ninguém é totalmente bom, tampouco totalmente ruim, o que nos leva à pensar que junto à capacidade de raciocinar, pela genética nos foi dada – quase que automaticamente – a malícia, a malandragem e a grande possibilidade de ambicionar além do permitido. Equivaler a Homo Sapiens, do latim, não nos torna pessoas melhores, uma vez que ser sábio não faz definição, a saber quem se deve realmente ser.

Lembrando que ser homem, não é sinônimo de ser humano, enquanto ser humano é avesso a ser perfeito.

Recentemente tive uma demonstração do que pessoas são capazes para se sentirem melhor, ou melhores.

A inveja mais que um pecado capital, é um mal crônico a quem a possui, assim como é certo que quem não possui a felicidade não a deseja, talvez não tenha apenas competência orgânica de permiti-la a outros. Quando quem tem quer-la toda. Simultaneamente à singularidade vir sendo chamada de amor próprio, quando é egoísmo e narcisismo marchetado. Paralelo isso, à pessoas que trocam tristeza por ódio visto que dói menos.

Nunca houve tanta miséria, e tanta desigualdade social, psicológica, moral. E quem pensava em mudar o mundo, seguir um sonho, ou apenas trabalhar por amor, corre contra o tempo artificioso almejando apenas pensar.

Não é tido mais direito a contradições, uma vez que a justiça do mundo trabalha sozinha – quando não por conveniência – e isso é injusto.

É nesse andamento em que o amor agradável quase não funciona mais na deficiência do útil, que pessoas se apegam a Deus (lembrando, ele sempre foi o refúgio seguro a quem não tem mais nada ou não tem escolha), para confiarem em alguém, às vezes por acreditarem que é o único modo – e não infalível – de não se decepcionarem, às vezes, de novo.

É nesse passo em que anjos não têm ao certo, e nem por alto a medida da maldade, que ainda – e não em satisfação – há quem diga que matou por amor. Há quem não sonha em subir, mas sim anseia que outros caiam. Há quem espera do modo inquieto por ambos.

Há quem lute tanto pelo cair de lágrimas de alguns, que se esquecem do próprio tempo.

Há quem queria mais beleza, mais fortuna, mais amores, mais vida, mais flores, mais cores, e acredita com uma convicção patética na estúpida teoria do ‘não quer? pois mais sobra’.

E tudo isso para que fim? Se ao chegar de nossa hora, nos encontraremos do mesmo modo: vivos, nus e iguais aos olhos.

Assim sendo, aguardo que evoluamos para um novo gênero, melhor, e mais generoso ao mundo e a si próprio. Rumo apenas, ainda à semi-perfeição.



*Agapornis é um gênero de aves psitaciformes, onde se classificam os inseparáveis pássaros-do-amor ou periquito-namorado.

Não-medível.

E vagamente explicável.
Um amor, indescritível. Que não existiria, caso sua inocência docemente acolhedora se ausentasse dentro de você. O medo de perdê-la vem, acoplado a minha quase que ausência permanente em sua vida. Mas não seria capaz de vê-la todos os dias, dona desse excesso de amor que sou. O que sinto por você, não cabe no meu corpo, e transbordaria mais ainda, se eu ouvisse sua voz todos os dias de minha vida. Senti raiva até hoje, que me lembre, de pessoas que te fizeram mal. E não permitiria que lhe tirassem nem uma gota de alegria, por que é precioso para mim, indispensável, que você se alegre todos os dias em que acorda.
Te proteger me parece tão utópico e frágil, quando não posso estar a sua frente sempre, como escudo, e com uma espada de Deus nas mãos. Mas é tão grande o apego que sinto por seu carinho. Quase que uma luxuria por sua atenção. E por mais que eu considere a possibilidade de te deixar ir um dia, não seria capaz de cogitá-lo hoje. Porque é uma necessidade tão grande que tenho de sua gargalhada, ecoando na minha mente, que ficaria doente de saudades se soubesse não te ter mais por um dia que fosse.
Te daria de presente tantas coisas, que estivessem ao meu alcance, hoje, e se as tais tivessem prazo de validade, lhe daria todos os dias.
Te levaria café na cama todas as suas manhãs, com uma rosa sem espinho, e de maneira metafórica, te privaria de todos os espinhos possíveis mundanos. Seria-lhe as asas que não a deixariam cair, e assim de desobrigava da possível recomposição dura. Te pouparia de subir as montanhas, eu as traria a você. E o que não eu não sacrificaria para que você não se machucasse profundamente nas suas escaladas, e não escorregasse nunca quando estivesse quase no topo.
Eu faria por você, no seu dia que Deus te deu, o que eu pudesse, ainda que tivesse que tirar de mim mesma o gosto da felicidade. À você que merece todo o meu respeito, e consideração. Você que eu levo no meu coração, como uma artéria mãe de todos os batimentos. Você a quem eu eximiria de qualquer verdade dolorosa, para ver sorrir ao menos uma vez. Você, à quem eu estenderia a mão, e defendo com unhas e dentes, como uma leoa defende os filhotes. Eu colheria todas suas lágrimas, e guardaria num cofre, só para ter a noção de o quanto eu teria de recompensar, depois da dor.
Se não posso te dar hoje, no seu complemento de anos, um 'vale felicidade para sempre', aceite por favor o meu amor. Completo, e minha atenção, que hoje ninguém merece mais do que você e seu coração.

Ei, você que nunca me deixou no escuro proveniente das noites que vêem sem a lua, apanhe essa felicidade possível, que eu roubei do resto do mundo para te dar, e te completar. Obrigada por nunca me deixar sozinha, e por fazer parte de mim: o meu lado claro e bom, meu pequeno grande, feixe de luz.

07/05/2009
Dedicado: Yasmine Luz Felipe

Carta a alguém que não existe mais.

Existir: (z) vtd+vi 1. Ter existência real; 2. Concreto; 3. Durar, permanecer, substituir.
Mas você sempre viveu em meu coração de modo que pessoas que moram do meu lado, nunca viverão.
Seria muito mais simples dizer que minha outra metade foi embora, mas eu já nasci em pedaços. Você nunca esteve do meu lado, para que eu experimentasse como era tê-lo. E você não vai mais voltar. É claro que ninguém é totalmente feliz, quando uma parte lhe foi tirada.
Funcionava quando eu era pequena, fechar meus olhos antes de dormir e fingir que você estava deitado ao meu lado. Não quero que se sinta ofendido, pelas vezes que senti medo de vê-lo, e nem triste, pelas vezes que fiquei zangada por ter partido sem que eu pudesse tocá-lo ao menos uma vez. Mas é muito confortante, saber que vou me encontrar contigo um dia. Obrigada por segurar as minhas mãos por todos esses longos anos.
Quero te pedir, não sinta raiva dos que te tiraram de mim, dessa maneira tão desabrida, afinal, agora você é um anjo, e está do lado de Deus, não é?
Procuro enxergar você e seu rastro, onde quer que eu vá, e me lembro de você, todos os dias da minha vida. Sinto cada vez mais, que estou aqui para continuar o que você não conseguiu terminar. Herdei minha bondade de você, e peço que não se ria das vezes que gritei e acreditei que estava vivo ainda, entre nós.
Lembra-se daquele sinal que sempre te cobrei? Esqueça, acho que não estou pronta ainda. Sonho com você às vezes, e queria de todo meu coração também, que ouvisse tudo que eu peço por você, e por nós quando converso em silêncio com Deus.
Hoje, tenho a idade que você tinha quando nos deixou. E queria te dizer que você é a pessoa que mais amei no mundo, e que se choro às vezes, não é de tristeza, tampouco inconformidade. É de amor. Do amor que eu quero te dar, e não posso. Tudo o que faço, é por você, e daria minha vida, para te abraçar só uma vez, e te dizer o quanto você faz parte de mim: eu morreria feliz.
Bom, não sou muita coisa agora, mas espero que sinta orgulho de mim, se não hoje, um dia. É tudo que preciso.
Eu te queria aqui, só mais uma vez.

Com muito amor, pai, todo amor que não cabe no meu corpo, e nem no mundo.
Sua filha, Amanda.

Pormenorização.

Eles dizem: 'cada um sabe de si'.
Mas não sei de mim mais. E se eu não encontro com minha alma, quem mais será capaz?
Todos tentam me dizer quem sou e afirmam com convicção quem eu deveria ser, e para não ficar confusa, me afasto, embora em algum momento sozinha eu deseje muito ser encontrada.
Escrevo aqui e agora com uma finalidade de descobrir o que eu estou sentindo, mesmo tendo a consciência de que meu coração é uma caixinha de surpresas sem relógio, que muda com uma velocidade de unidade de medida desconhecida pela física que nos cerca.
Quero gritar agora.
Sei que ninguém jamais irá me escutar, mas é uma forma desesperada de demonstrar a morbidez do cansaço que sinto da maldade do mundo e de minha tentativa desesperadamente inútil de não tomar conhecimento de que ainda - e cada vez mais - há no mundo mãos que matam até, com o amor que as pessoas sentem umas pelas outras.
Culpar Adão pelas desgraças mundanas não é mais satisfatório.
Se nem direito de sentir medo e acreditar em mágicas mais, as crianças da nossa terra têm.
Me parece injusto, ter inspiração para redigir apenas quando estou triste. Aparentemente, bobagem. Mas tenho tentado desde o dia em que nasci, converter o mundo no que mais lhe falta: amor. Eu não vou desistir do amor. Vou acreditar para sempre. Nem que seja preciso nunca crescer e morrer ainda jovem de decepção.
Porem, não vou me vingar de quem possui frieza, nem das pessoas que me acusam, tampouco das que me fazem sentir inútil, por que talvez de fato, eu o seja.
Aqui está muito, muito frio. O que ainda não anestesia a tristeza que eu sinto dentro desse meu coração de manteiga. Também não me faz esquecer o quanto eu queria mudar o mundo.
[...]
Porque ninguém está satisfeito com o dom que Deus deu? Renego mais uma vez aqui o meu poder de conhecer o coração das pessoas, embora eu saiba que ainda que não enxergasse a maldade existiria. E o meu próprio coração fica aqui abandonado, e desconhecido, ainda por mais que eu o diga.
Já descobri, não é sentimento, sinto-me apenas doente. Então, não se preocupe.

O que te torna digno de ser amado?

Está ligado a uma capacidade. Basicamente, o dom de retribuir qualquer amor, de onde quer que ele venha.
Eu penso que amor é uma palavra muito forte. Que sempre deve existir, como acompanhante de outros sentimentos, ainda que aparentemente opostos. Uma vez que não se entende o amor, quando não o sente. E assim como Deus, não se pronuncia amor em vão.
Uma pessoa digna de receber amor, não muda junto ao mundo. Uma pessoa boa não muda. Sim, por que o mundo muda. Sou leiga, ainda, quanto ao assunto tratado, mas eu me conheço, e isso momentaneamente, basta.
E sem querer fugir do assunto, mas quantas vezes você já teve vontade de dizer ‘eu te amo’, e deixou de fazê-lo? O amor não é ridículo, tampouco discutível, julgado ou pior: asilado. O amor vem sendo motivo de chacota, de risadas, de vergonha para você, na sua vida? Tem-se colocado cada vez mais terceiros, à sua frente? Por quê? Quando é o dom mais bonito, que por Deus foi dado ao ser humano?
Colocar o outro – sim, outro qualquer –, à frente de si mesmo, não é falta de amor próprio! Sim amor pelo outro, e amor só se substitui com o mesmo.
Manter um amor, desobedecido, ou seja, não correspondido, quer prova de amor maior?
Amor à distância, é o amor mais longo – longo no sentido de comprido –, e mais resistente que existe, imagine? Se for capaz de atravessar o que seu corpo não pode? É ele é mais forte que você. Conclui-se, que existem vários tipos, mas do mesmo amor.
O que te torna digno de ser amado, não são atitudes, não. É o involuntário sempre, pense. Faz sentido. Não se controla sentimentos, nenhum deles. É se decepcionar com as pessoas, e ainda assim, procurar uma razão, e algo de bom, dentro delas. É pensar com o coração, em primeiro lugar, sempre. O mundo não é dos espertos, é dos que amam! O que lhes torna, dignos de receberem amor, é o fato de não se envergonharem ao chorar, por relembrarem. Qualquer pessoa que se preocupa, zela pelo outro, é. Então não é tão difícil assim.
Não sei quanto às pessoas, mas o que me torna digna de ser amada, é aceitar a minha vida, e querer sempre resolver os problemas alheios, prioritários. É não querer entender a maldade do mundo, e sempre achar que esse mesmo ainda tem solução. Até o último fio de sangue que correr na minha veia, eu vou acreditar. Se não ele, quem vai mudar tudo? Quando é o que mais falta nos corações.
O que me torna, é o fato de eu procurar inocência, dentro das pessoas, e amar tudo que respira. É ter medo, é ter carinho, é ter esperanças, buscar a felicidade e as felicidades e mais felicidades, e expandir minha mente – ou coração, fantasiosamente falando –, a ponto de caber sempre mais. O que me torna – pelo menos digna, se não amada –, é isso. Por que eu sou.

Descrição: meu limite.

Um texto que deveria ter sido redigido, ao começo dessa página. Mas é tão difícil falar, quando se trata de mim.
Permanentemente mutável, não quanto a conceitos, idéias e caráter. Falo de humor. Não confio nas pessoas, o que não me impede de amá-las e aceitá-las.
E se pudesse fugir para algum lugar, e levar apenas coisas poucas, não levaria minha família, levaria uma pessoa especial a mim, e meu mural de fotos. Sim, por que eu não tenho medo das lembranças. Orgulho-me das coisas que amo, das pessoas que amo, e não sou nem em pouco influenciável.
Embora pareça um pouco repetitivo dizê-lo, já me decepcionei muito com as pessoas, mas prefiro que seja assim. Por exemplo, trair, me parece pior do que ser traído. Deixar uma pessoa a quem amo triste, é muito mais doloroso do que ficar triste por esta.
Ainda assim, prefiro pensar que não sou do contra e sim estou no lugar errado, e que a algum lugar eu pertenço, e esse não é tão breve em meus caminhos. Acredito em destino. E penso que sonho muito alto, para quem ainda nem saiu um pouco do lugar. Mas acredito que sonhos podem se tornar realidade, e não vou desistir dos meus por nada desse mundo. Nem por palavras, pessoas, tampouco acontecimentos.
Ser sentimental demais, nunca foi um problema para mim. Basicamente todos os sentimentos que senti pelas pessoas, me foram imediatamente correspondidos. Já achei que estava amando, inúmeras vezes, e enquanto você acha que está amando, é amor. Não é iludir ao outro, é se iludir. Me apego fácil, às pessoas e não tenho medo de mostrar esse meu lado.
Vingança, não é meu forte. Assim como existe destino, existe Deus, e castigos são dados por ele e escolhidos por tabela. Desejar mal as pessoas, não as torna mais fracas, tampouco a mim mais forte, mas o involuntário é ele mesmo, não é?
Vícios podem ser administrados, ao contrário do que se pensa. Tenho muitos, e já me envergonhei deles. Nada que faça mal a minha saúde, ego ou estética. Mania de obsessão é a característica mais marcante, cabível a mim. Penso que a qualquer pessoa, que a possua. Gosto das minhas coisas ao meu lado, e se são minhas, são minhas incontestavelmente.
Dificilmente – no sentido de demorar -, me desapego das pessoas, e sou sempre grata a quem fez o mínimo para mim. Por isso luto tanto, por meus amigos, e por pensar que são o mais valioso, quando mais nada me tiver valor.
Sou uma pessoa que ama poesia, e tem pouco tempo para Lê-las. Choro com gosto ao ver um amor verdadeiro, e quase jamais o vejo. Priorizo a paz, quando vou fazer um pedido, mesmo que esteja eliminando um pedido menos difícil. Busco a bondade no coração das pessoas, embora o mundo esteja mudando e isso seja irreversível. Procuro pureza por aí, ainda que saiba que inocência seja a antítese de crescer. Não quero crescer, embora a cada dia ao me olhar no espelho perceba o inevitável.
Anteriormente se me perguntassem ‘eu gostaria de mudar o mundo’. Hoje em dia, só quero resistir, e não mudar junto a ele.

O preço que se paga às vezes é alto demais.


Já perdi muitas coisas, nessa vida. Nada se compara a perder um amigo.

Mudar não é tudo, mudar seu modo de agir, e pensar, talvez, nada, nunca seja suficiente, para quem você decepcionou. Não há promessa, que mude. Nem há sentença, capaz de pagar. A sentença é a própria solidão. E quanto maior o prêmio, maior a perda. Quando se sente falta de alguém – como eu sinto -, qualquer falta é solidão. E é duro, ver os dias passarem, cada detalhe passar, e não poder compartilhar. Ah, compartilhar, essa palavra é tudo. E ver quem perdi priorizar cada vez mais a terceiros, é mais doloroso, ao mesmo tempo mais agonizante. Porque quando palavras não mudam nada, aí que nada muda mesmo.

E hoje, a sensação que eu tenho é de imponência, por que por mais que eu fale, e por mais que eu tente dizer, que mudei, mudar não muda nada. E não há mais troca de segredos. Minha extensão de segurança sumiu; permanece a falta que eu sinto do abraço que me engolia, sempre que eu queria sumir. Segredos, não são segredos, se não se tem com quem dividi-lo. Ouvir, não é o suficiente, quem apenas ouve seus segredos, perde os mesmos, ali dentro do próprio corpo. É como se eu escrevesse-o em um pedaço de papel, e guardasse em uma caixa. Ele estaria seguro, mas não teria ninguém para sentir a aventura de guardá-lo, junto a mim. Não haveria ninguém para fazer nada junto a mim. Ninguém.

É revoltante, o sentimento de ‘eu causei tudo isso’. Embora, ache que todos merecem uma segunda chance. Você ser irredutível aumenta meu suplício sim, mas não me toma as esperanças: vale à pena! Porque muitas coisas não têm mais graça, se não tenho você. Meus melhores dias serão seus, e os melhores consolos, desabafos, e conselhos, por que até conselhos seus eu segui. Pena não estar mais do meu lado, para me aconselhar essa última vez, precisa.

Dedicado: Carlos Felipe Azevedo